Tijuana, o berço mexicano da salada caesar

Tijuana, o berço mexicano da salada caesar

Como uma cidade do México incorporou ingredientes mediterrâneos e criou um dos pratos mais emblemáticos do mundo.

Vizinha de San Diego, bem na fronteira com o estado da Califórnia, está localizada Tijuana. Talvez mais lembrada pela tequila ou, atualmente, por ser o destino final de caravanas que tentam atravessar a fronteira em busca do utópico sonho americano, a cidade mexicana tem um motivo nobre para orgulhar-se: foi lá que nasceu a emblemática caesar salad.

O nome italiano não é por acaso, mas se você já ouviu alguma história relacionada ao imperador Júlio Cesar, pode esquecer! A verdade – ou, pelo menos, a versão mais conhecida e plausível – é que a autoria da salada mais famosa do mundo é do chef Cesare Cardini, que se mudou da Itália para os Estados Unidos e abriu um restaurante no México.

DA ITÁLIA PARA O MÉXICO PARA O MUNDO

Há cerca de 100 anos, Cesare e seus irmãos arrumaram as malas e despediram-se da família Cardini, dando adeus à Itália e chegando aos Estados Unidos.

Os próximos anos da vida entre os estadunidenses seriam marcados pelas rígidas determinações da Lei Seca, a qual proibia a população de importar, fabricar e comercializar bebidas alcóolicas em todo o país. Foi neste cenário que um estratégico Cesare, depois de ter aperfeiçoado seus conhecimentos em culinária europeia, decidiu abrir seu próprio restaurante do outro lado da fronteira, em Tijuana, para atrair clientes em busca de uma refeição regada a bons drinks.

A adaptação foi fácil. O clima do litoral californiano, semelhante ao dos países banhados pelo Mediterrâneo, contribui para o cultivo de alimentos cítricos e para uma culinária rica em ervas e verduras, incrementada com carnes grelhadas e marcada pela presença de azeites, iogurtes e pães. Não é por acaso que estes eram os ingredientes disponíveis na cozinha de Cesare no dia 4 de julho de 1924, quando, reza a lenda, a famosa salada foi criada.

Favorito entre artistas e influentes do show business – em parte graças à proximidade de Tijuana com Hollywood – o restaurante de Cesare foi surpreendido por um público muito maior do que o normal no feriado da Independência dos Estados Unidos. Quando as opções do menu estavam prestes a esgotar-se, a saída foi improvisar e transformar os ingredientes do estoque em uma refeição deliciosa e memorável.

Cesare assumiu o controle e coreografou uma sequência de cortes e misturas em frente aos seus clientes, deixando todos boquiabertos e fascinados com o preparo ao vivo de um prato digno de ser comido “com os olhos”. Daquele momento em diante, esta obra de arte igualmente chamativa e saborosa virou sensação entre as estrelas, cruzou o oceano e dominou os cardápios do mundo todo.

A SALADA

Um bom mestre-cuca transforma a montagem da caesar em um verdadeiro espetáculo visual e até hoje há restaurantes que mantêm a tradição de prepará-la na mesa, para deleite dos clientes. Mas a combinação de ingredientes frescos resulta em um tempero que, por si só, é uma atração imperdível.

Como uma boa salada, o ponto de partida da caesar é a alface. Mas não a crespa, a roxa, a lisa ou a que você mais gosta: a estrela do prato é a amarga alface romana, que possivelmente teve sua origem na Grécia e espalhou-se pela Europa a partir da – tcharam! – Itália.

No mundo ideal de Cesare, as folhas de alface seriam servidas inteiras, viradas para cima, acomodando os outros ingredientes. O recomendado era segurar cada folha pelo talo com as mãos, mas a clientela não parecia muito disposta a se sujar durante a refeição e o jeito foi desenvolver uma versão “limpa”, servida com as folhas cortadas e talheres.

O TEMPERO

Deixemos de lado a fascinação pelo modo de tratar as folhas de alface. Cesare colocou em prática sua bagagem italiana e aproveitou os ingredientes europeus para criar uma salada que brinca com sabores e texturas, o verdadeiro segredo do sucesso da caesar.

Os cubinhos de pão fritos em manteiga – ok, você pode chamá-los de croûtons – são essenciais para contrastar com as especiarias de consistência macia que completam o prato, algumas presentes no suposto preparo original de Cesare e outras adicionadas em revisões contemporâneas.

Na lista de obrigatoriedades, você não pode deixar de lado o toque incomparável do azeite de oliva, a acidez do suco de limão, a picância do molho inglês, o amargor da mostarda, o umami do queijo parmesão e a oleosidade de anchovas. Resumindo e facilitando a sua vida: o que você precisa é do Molho para Salada Caesar Kenko, que reúne tudo isso em um produto pronto para usar.

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